“Combustível do futuro”: Petrobras diverge de mudanças no projeto, diz jornal

Vista externa do prédio da sede da Petrobras no centro do Rio de Janeiro em 15 de outubro de 2021 no Rio de Janeiro, Brasil.

Depois da crise envolvendo a não distribuição de dividendos extraordinários aos seus acionistas, a Petrobras pode entrar em nova rota de colisão com o governo federal por causa do projeto de lei do “combustível do futuro”, aprovado com ampla margem de votos pela Câmara dos Deputados.

O texto faz parte da “agenda verde” do Ministério da Fazenda, que foi encampada pelo Legislativo, e prevê uma série de iniciativas para que o país reduza sua emissão de carbono e cumpra metas internacionais, como as previstas no Acordo de Paris.

O projeto prevê a ampliação da adição de etanol anidro na gasolina e inclui a mistura de biometano no gás natural. E define o cronograma para o aumento da mistura do biodiesel ao diesel fóssil para até 20% em 2030 e autoriza o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, a subir esse percentual até 25% a partir de 2031.

Defendida pela bancada parlamentar ligada ao agronegócio, a definição das metas para o percentual do biodiesel misturado ao óleo diesel não constava do projeto original do governo, mas foi incluído pelos deputados após um acordo que envolveu os ministérios da Casa Civil e de Minas e Energia.

A legislação permitirá que empresas apliquem percentuais maiores, desde que obtenham autorização junto à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Também será implementado um sistema de rastreabilidade do biodiesel para garantir sua qualidade.

O texto fixa, ainda, em 27% o percentual obrigatório de mistura do etanol à gasolina, além de permitir ao Poder Executivo elevar o teor até 35% – desde que haja viabilidade técnica comprovada. Hoje, o teto da mistura é de 15%, índice que será alcançado em março de 2025. No dia 1º de março, passou a ser adotada a mistura de 14% do biocombustível. O percentual aumentará, gradativamente, até chegar a 20% em 2030.

Segundo informações do jornal Valor Econômico, a Petrobras fez alertas, durante a tramitação do projeto na Câmara, sobre o eventual aumento de custos e preços que deve acompanhar o aumento da mistura. A companhia também alegou que perderá mercado no diesel, justamente em um momento no qual a empresa anuncia novos investimentos em refino.

De acordo com o jornal, a Petrobras também teria tentado incluir o diesel coprocessado no projeto de lei, mas não obteve êxito. Essa categoria do combustível é menos poluente e processada na refinaria juntamente com óleos vegetais e diesel de origem fóssil.

Após ver a maioria de seus pleitos ser rechaçada na Câmara, a Petrobras trabalha, agora, para que o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) seja escolhido o relator do projeto no Senado e dê vazão aos pontos defendidos pela estatal.

A articulação estaria sendo liderada pessoalmente pelo presidente da companhia, Jean Paul Prates, que foi senador na última legislatura. A avaliação da direção da empresa é a de que Veneziano é mais aberto ao diálogo – ele herdou o comando da da Frente Parlamentar da Energia Renovável, que era liderada por Prates enquanto parlamentar.

Até a semana passada, o nome mais cotado para ser relator do projeto do “combustível do futuro” era o do senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), atual presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

A Petrobras não se manifestou oficialmente sobre o assunto até o momento.

The post “Combustível do futuro”: Petrobras diverge de mudanças no projeto, diz jornal appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.