Engie (EGIE3) está menos atrativa? Itaú BBA revisa geradoras e corta recomendação

Nas térmicas a carvão da Engie, investidores propõem transição energética

O Itaú BBA revisou a cobertura para as ações de empresas geradoras de energia, seguindo com recomendação neutra para Auren (AURE3) e rebaixando Engie (EGIE3).

Os analistas do banco destacam que, dependendo do cenário, a geração térmica é necessária para atender a demanda por energia, principalmente em horários de pico em consumo (final da tarde/início da noite). Por isso, tornaram-se mais otimistas em relação às empresas geradoras de energia em geral, principalmente devido às expectativas de chuvas mais fracas nos próximos meses combinadas com temperaturas mais elevadas, o que levaria a uma demanda mais forte por energia elétrica.

A curva futura de preços de energia reagiu a esse cenário, com o preço futuro de energia convencional para 2027 atingindo R$ 155/MWh em fevereiro de 2024 (um aumento de 53% em comparação com seu nível em junho de 2023).

Entre as empresas que mais se beneficiariam com essa melhoria nas perspectivas de preços da energia estão a Eletrobras (ELET3) e, em menor nível, a Copel (CPLE6), devido aos seus enormes volumes de energia descontratada.

Por outro lado, Auren e Engie estão altamente contratadas para os próximos anos, com menos exposição à tendência ascendente nos preços da energia. Com isso, revisaram suas projeções para as duas companhias, incorporando uma nova curva de preços de energia e suas recentes aquisições, bem como novos projetos desenvolvidos por essas empresas.

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“Reiteramos nossa recomendação neutra (desempenho em linha com o mercado) para AURE3, com preço-alvo de R$ 14,20 ao fim de 2024, e rebaixamos ENGI3 de ‘compra’ para neutra, com preço-alvo de R$ 40,10 ao fim de 2024”, apontam.

Para a Auren, o BBA ressalta que a ação da empresa é negociada a uma taxa interna de retorno (TIR) implícita de 9,7%, contra 5,7% para os títulos do Tesouro brasileiro, o que sugere um valuation não tão atraente, em sua visão.

Os investidores poderiam se tornar mais positivos em relação à empresa, dependendo de potenciais fusões e aquisições, o que poderia desbloquear valor devido ao enorme crédito fiscal registrado na CESP. Além disso, potencial oferta vencedora no leilão de reserva de capacidade (caso as hidrelétricas sejam de fato autorizadas a participar do leilão) poderia também gerar valor adicional para a companhia. Não assumimos nenhum valor presente líquido (VPL) do leilão de reserva de capacidade.

Sobre a Engie, o papel da companhia é negociado a uma TIR implícita de 8,0%, contra 5,7% para títulos do Tesouro brasileiro, o que não é muito atrativo quando comparado com muitos nomes em nosso universo de cobertura, afirmam os analistas. A garantia física da Engie está majoritariamente contratada até 2026 e a companhia começa a ficar mais descontratada a partir de 2027.

“Em comparação com outras geradoras, a Engie é menos sensível às mudanças nos preços de energia de longo prazo, uma vez que possui ativos de transmissão e transporte de gás. Além disso, não vemos quaisquer catalisadores de curto prazo para a ação. A Engie terá desembolso de capex (investimentos) bem relevante nos próximos dois anos, o que irá ocasionar inevitavelmente um aumento na alavancagem da companhia”, afirmam os analistas, levando a uma redução no payout de dividendos da companhia de 100% (observado nos anos anteriores) para 55% do lucro líquido ajustado (payout mínimo conforme descrito na política indicativa da companhia). Para esse novo payout, o BBA estima um dividend yield por volta dos 5%.

A Engie é uma das ações mais vendidas a descoberto da cobertura da casa e tem uma parcela considerável de investidores pessoa física na sua base de acionistas dado o seu dividend yield historicamente atrativo. “No nosso cenário base, a empresa poderia perder o apelo para esses investidores focados em dividendos”, afirma o BBA.

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