Coronel ‘Velame’ pediu reunião com Bolsonaro e núcleo duro do golpe: ‘Só a rataria’

ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com cara de preocupação, perto de bandeiras, sem olhar para a câmera
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – Divulgação

No final de 2022, o coronel Reginaldo Vieira de Abreu, conhecido como “Velame”, e o general Mário Fernandes trocaram mensagens propondo a apresentação de relatórios falsos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para alegar supostas fraudes nas eleições daquele ano. As conversas foram interceptadas pela Polícia Federal (PF) durante a Operação Contragolpe, deflagrada em 19 de novembro de 2024. Com informações do Estadão.

De acordo com o material obtido pela PF, os militares sugeriam que Bolsonaro se reunisse com um grupo restrito, apelidado de “rataria”, para debater uma “apresentação da Argentina” que, supostamente, forneceria provas de fraude eleitoral. O general Mário Fernandes foi preso durante a operação. Nos diálogos, ele afirma que “pessoal acima da linha da ética” não deveria participar dessas reuniões.

“Kid Preto, o presidente, ele tem que fazer uma reunião Petit comité. O pessoal ia fazer uma reunião essa semana, o comandante do exército, aí chegou Paulo Guedes, chegou o pessoal da TCU, da AGU, aí não pode, tem esse pessoal, é… Esse pessoal acima da linha da ética não pode estar nessa reunião, tem que ser Petit comité, pô. Tem que ser a rataria, ele e a rataria”, propôs.

A tal “apresentação da Argentina” referida nas mensagens era, na verdade, uma live realizada em 4 de novembro de 2022 pelo argentino Fernando Cerimedo, na qual foram propagadas informações falsas sobre o processo eleitoral brasileiro.

Jair Bolsonaro e o general Mário Fernandes, o primeiro sorrindo e de boné e o segundo sério, olhando para o lado, fardado
Jair Bolsonaro e o general Mário Fernandes – Isac Nóbrega/Divulgação

Em uma das mensagens, Velame diz que o relatório das Forças Armadas, elaborado pelo Ministério da Defesa, deveria estar alinhado com as alegações apresentadas por Cerimedo para dar “veracidade” ao discurso: “Não pode estar…não pode estar dizendo que não tem nada. No mínimo tem que ser igual ao dos caras pra… ser o batom na cueca, se nada aparecer até lá”.

Mário Fernandes respondeu que o conteúdo da apresentação argentina estava alinhado com os relatórios sendo elaborados por um grupo de militares em São Paulo. Velame ainda sugeriu que o governo Bolsonaro usasse adidos militares em embaixadas para divulgar o discurso de fraude eleitoral na mídia internacional e influenciar a opinião pública no exterior.

Em outro momento, Fernandes encaminhou um áudio do general Luiz Eduardo Ramos, então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, que mencionava a live de Cerimedo como um reforço para a narrativa de fraude eleitoral: “Quem diria que, porra, um reforço à solução do nosso país viesse dos hermanos”.

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