Elon Musk selou futuro da Tesla ao instalar fábrica na China; entenda

O bilionário Elon Musk é dono da Tesla, fabricante de veículos elétricos. Foto: Divulgação

O magnata americano Elon Musk estabeleceu uma fábrica da Tesla na China. A conhecida fabricante de veículos elétricos comandada por ele assumiu um risco que proporcionou à companhia acesso a componentes mais acessíveis e mão de obra qualificada. Essa decisão, no entanto, também pode ter fomentado uma significativa ameaça ao seu futuro empresarial, dada a crescente indústria chinesa de veículos elétricos.

A estratégia ajudou a Tesla a se recuperar de uma crise financeira em meados da década de 2010 e a se transformar na montadora mais valiosa do mundo, conforme as ações da companhia valorizaram drasticamente, elevando Musk à posição de um dos indivíduos mais ricos globalmente.

Anos antes de iniciar a produção na China, com a empresa quase falindo, Musk viu uma oportunidade no mercado asiático para adquirir peças baratas e trabalhadores competentes. Nos primeiros anos, a montadora enfrentou problemas como atrasos no desenvolvimento dos veículos e desconfiança dos investidores. Em contrapartida, a China via na Tesla um vetor para impulsionar sua nascente indústria automotiva elétrica, considerando a instalação da fábrica um troféu.

Inicialmente, Musk conseguiu condições favoráveis raramente concedidas a estrangeiros na China, mas a situação mudou, e a Tesla passou a enfrentar dificuldades crescentes, perdendo terreno para os concorrentes chineses no mercado que ajudou a desenvolver.

A presença da Tesla na China trouxe também vinculações políticas com Pequim, atualmente sob escrutínio das autoridades americanas. Reportagens do The New York Times baseadas em entrevistas com ex-empregados da Tesla, diplomatas e técnicos governamentais revelam uma relação simbiótica e lucrativa com o governo chinês, beneficiada por subsídios também obtidos nos EUA.

Durante a negociação para estabelecer a fábrica em Xangai, Musk conseguiu que os líderes chineses alterassem políticas nacionais sobre emissões de gases, um movimento estimado em centenas de milhões de dólares em lucros para a Tesla com o aumento da produção.

Musk estabeleceu contatos diretos com altos funcionários do governo chinês, incluindo o primeiro-ministro Li Qiang, anteriormente oficial de alto escalão em Xangai. A fábrica foi construída em tempo recorde e sem necessidade de parceiros locais, um marco para fabricantes estrangeiros de automóveis na China.

Nos EUA, Musk criticou a postura dos trabalhadores americanos comparando-os com os chineses, mais adaptáveis às exigências laborais. Problemas trabalhistas também surgiram na primeira fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia, enquanto na China, a morte de um operário levantou questões de segurança que foram rapidamente abafadas.

Fábrica da Tesla na China. Foto: Reprodução

Além disso, a política de emissões de GEE modelada no sistema californiano tem sido um grande benefício para a Tesla, rendendo-lhe US$ 3,7 bilhões de 2008 a 2023. A empresa colaborou com ambientalistas da Califórnia para promover mudanças regulatórias que também beneficiassem o modelo chinês, introduzido em 2017.

Este panorama ajudou a Tesla a se consolidar como a montadora mais valiosa globalmente, mas também estimulou a inovação entre os fabricantes chineses, que agora avançam em mercados internacionais, desafiando grandes marcas como Volkswagen e GM.

Musk enfrenta um dilema, dependendo criticamente do mercado e da cadeia de suprimentos chineses, enquanto alerta sobre a ameaça dos concorrentes locais. As ações da Tesla sofreram com as vendas lentas na China, impactando diretamente sua fortuna pessoal.

No contexto político, o Congresso americano examina seus laços com a China, ponderando como ele gerencia a Tesla em relação aos seus outros empreendimentos, como a SpaceX e a plataforma de mídia social X (ex-Twitter), que tem sido utilizada pela China em campanhas de desinformação.

Musk expressou uma postura ambivalente em relação à China, reconhecendo interesses pessoais e descrevendo-se como “um pouco pró-China”, em meio a preocupações geopolíticas e econômicas crescentes.

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