Por que “O Trem Italiano da Felicidade” é o filme da Netflix mais assistido em 122 países

Cena de “O Trem Italiano da Felicidade”

“O Trem Italiano da Felicidade”, sucesso mundial da Netflix, é uma delicada adaptação do romance de Viola Ardone, que consegue capturar a essência de um período difícil da história italiana.

Ambientado em 1946, nas devastadas ruas de Nápoles, o filme apresenta a vida de Amerigo Speranza, interpretado com sensibilidade por Stefano Accorsi. Desde o início, somos imersos na pobreza e nas dificuldades enfrentadas por crianças como Amerigo, que vive descalço em um mundo de privações e incertezas, delineando uma infância marcada pela luta e pela sobrevivência.

A narrativa é rica em simbolismos, começando com a figura do “trem da felicidade”, um serviço oferecido pelo Partido Comunista italiano para ajudar crianças necessitadas. Esse trem representa não apenas uma fuga das misérias nativas, mas também uma esperança de recomeço.

Ao embarcar nessa jornada, Amerigo experimenta a transformação de sua vida, conhecendo um novo mundo ao norte da Itália, onde a pobreza se torna um pouco mais suportável ao lado da afetuosa Derna, interpretada por Barbara Ronchi.

A relação entre Amerigo e Derna é um dos pontos altos do filme, pois simboliza a construção de vínculos afetivos em meio à adversidade. Derna, que assume o papel de mãe postiça, cuida de Amerigo e o ajuda a navegar suas emoções e identidade em um cenário de tantas mudanças.

Essa conexão é essencial para o desenvolvimento do protagonista, que aos poucos vai se afastando de sua vida anterior, enfrentando questões emocionais complexas e dolorosas, onde a musica e o acolhimento servem como tabua de salvação.

O filme aborda temas profundos como a pobreza, a resiliência e o humanismo. Através de Amerigo e das experiências que vive, somos levados a refletir sobre os estragos que a guerra provoca nos mais vulneráveis: as mães e suas crianças.

Cada cena é cuidadosamente construída para destacar o valor da fraternidade entre os indivíduos em um contexto de desigualdade e dor. A mensagem de que a verdadeira liberdade e amor reside em deixar ir é uma lição poderosa que permeia a trama.

Além disso, “O Trem Italiano da Felicidade” também toca na crítica ao negacionismo fascista em contraponto à utopia humanista socialista , propondo uma reflexão sobre o papel da sociedade na reconstrução após os horrores da guerra. O filme não se esquiva em mostrar as cicatrizes deixadas pela contenda, trazendo à tona um debate necessário sobre a reconstrução não só física, mas também social e emocional de um país em ruínas.

A cinematografia e a trilha sonora do longa-metragem contribuem significativamente para o clima nostálgico e melancólico que a história demanda.

Cada detalhe visual e sonoro é pensado para refletir a atmosfera de Nápoles logo após a guerra, retratando uma cidade que, embora devastada, ainda respira vida e esperança. Essa dualidade entre sofrimento e esperança é uma constante ao longo do filme, prendendo a atenção do espectador.

Dirigido por Cristina Comencini, o filme reforça a ideia de que, mesmo nas condições mais adversas, o amor e a fraternidade podem proporcionar uma nova perspectiva de vida.

É um convite à empatia, mostrando como, mesmo em meio ao caos, a beleza das relações humanas pode florescer e, assim, proporcionar a esperança necessária para o futuro.

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