“Ele precisa pagar pelo que ele fez”, diz mãe de adolescente morta sobre a prisão de policial militar

A família da adolescente Victoria Manuely dos Santos, de 16 anos, que morreu após ser baleada em uma abordagem da Polícia Militar, na Zona Leste de São Paulo, se despediu da garota no domingo (12), em cerimônia realizada no Cemitério Público de Guaianases. Revoltada, a mãe da vítima, Vanessa Priscila dos Santos, falou sobre a prisão preventiva do PM Thiago Guerra, que foi quem atirou na garota.

“Fiquei sabendo que ele está preso. Ele precisa pagar pelo que ele fez, porque não é justo a minha filha pagar por uma coisa que não fez. Pagar com a vida ainda. Mesmo que tivesse feito, ele não tinha o direito de tirar a vida de ninguém. Que ele fique muito e muitos anos [preso]”, disse a mãe, em entrevista ao G1.

Vanessa também falou sobre o sentimento de saudade e também sobre o trauma que vai ter que enfrentar, já que ela presenciou o momento em que a filha foi baleada e diz que houve demora no socorro. “A gente não tem mais nada. Só resta saudades e lembranças boas, e ruins também. Porque via a minha filha sangrar até a morte”, lamentou ela.

Victoria foi baleada na noite do último dia 9. A genitora disse que estava com a garota e o filho Cauê, de 21 anos, com alguns amigos, na frente de um bar na Rua Capitão Pucci, em Guaianases. Foi quando dois homens passaram correndo pelo local e o grupo decidiu ver o que estava acontecendo.

Os PMs, que vinham logo na sequência, abordaram Cauê. A irmã se aproximou, quando um dos agentes efetuou um disparo ao dar uma coronhada na cabeça do rapaz, que acertou a vítima no tórax.

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Vanessa afirma que, mesmo com a adolescente ferida, os policias continuaram a realizar a abordagem e não prestaram socorro imediato. A menina só foi levada ao Hospital Geral de Guaianases mais de 1 hora depois dos fatos, pelo Corpo de Bombeiros, mas teve a morte confirmada no local, já na madrugada do último dia 10.

Em depoimento, o irmão da garota contou que sofreu xingamentos, sendo chamado de “verme” e “ladrão”, durante a abordagem. Ainda segundo relato, o rapaz diz ficou quatro horas dentro da viatura, foi levado para a delegacia e depois liberado sem ser acusado de nenhum crime.

Investigação

Após a repercussão do caso, a Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias da ocorrência e afirmou que não compactua com excessos ou desvios de conduta e pune exemplarmente aqueles que desobedecem aos protocolos estabelecidos pela corporação. A arma do policial foi recolhida e as imagens das câmeras corporais estão sendo analisadas.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o PM foi preso em flagrante ainda no dia 10, por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, e foi conduzido ao 50º Distrito Policial. Ele passou por audiência de custódia e teve a prisão convertida em preventiva pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

A defesa do PM não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

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