Carlinhos Maia é a prova viva de que influencers são um erro. Por Nathalí

Carlinhos Maia no “Domingão com Huck”. Foto: Reprodução/TV Globo

Se alguém me dissesse, há vinte anos, que o futuro nos reservava uma “profissão” cujo objetivo seria inflar egos e potencializar mazelas como notícias falsas e manipulação de massas, eu me recusaria a acreditar.

O neoliberalismo e a sociedade dos “empresários de si mesmos” nos trouxeram esse câncer social.

O influenciador Carlinhos Maia é um exemplo emblemático do que são os influenciadores na Era Digital: irresponsáveis com a influência que exercem sobre as pessoas e, consequentemente, sobre a própria sociedade.

Famoso apenas por ser rico, amigo de celebridades e, principalmente, um barraqueiro/fofoqueiro de mão cheia, Maia conduz seu rebanho de fãs alienados com baixarias, notícias falsas e ostentação.

No último domingo, ao participar do Domingão do Huck, na Globo, recebeu um esporro histórico do apresentador por afirmar que seus fãs não deveriam levar seu trabalho na internet a sério (!?).

Sinto-me obrigada a concordar com esse querido: o que ele chama de trabalho realmente não merece ser levado a sério.

Como se não bastasse, Maia ainda se vitimizou em rede nacional ao declarar:

“Não existe uma faculdade para quem está na internet. A gente vai errar muito porque a gente não estudou para isso. Tem inúmeras pessoas que falam sobre coisas importantíssimas e não são seguidas. Isso não é culpa minha.”

Huck não deixou passar:

“Eu acho que, com o tempo, a gente vai ganhando maturidade, vivências; você passa a ter consciência do privilégio que é ter tanta gente te seguindo e da responsabilidade que isso traz. Junto com o sucesso vem a responsabilidade.”

E eu, mais uma vez, sinto-me obrigada a concordar com gente burra e desonesta: Huck tem razão.

É fácil conduzir um rebanho de 33 milhões de pessoas — o público de Carlinhos Maia — com conteúdo medíocre e uma falsa autenticidade que é, na verdade, cara de pau pura e simples.

Quer dizer: você fica rico influenciando pessoas e quer se eximir da responsabilidade de suas próprias declarações?

Influencers, ao meu ver, são um câncer da sociedade pós-moderna: vendem uma vida perfeita, influenciam irresponsavelmente seus seguidores e, acima de tudo, falam absurdos sem fim, enquanto enchem os bolsos de dinheiro.

Se você escolheu “trabalhar” como influenciador, deve, sim, reconhecer a responsabilidade que tem nas mãos e, sobretudo, sustentar suas opiniões e pontos de vista.

Essas figuras indigestas convencem milhões de pessoas de que o que fazem é interessante ou necessário, mas a verdade é que a esmagadora maioria dos influenciadores apenas idiotiza e explora as pessoas.

Ao sermão de Huck, Maia respondeu:

“Você tem total razão, mas é um programa diário. Tem coisa boa e relevante que a gente coloca lá. Mas, de tudo isso que você falou, vou levar para o meu coração e prometo que vou melhorar cada vez mais.”

Que papelão, hein?

A pedagogia do constrangimento aplicada por Huck é, muitas vezes, o único caminho para lidar com gente como Carlinhos Maia.

Influenciadores levam as pessoas a consumirem mais e as convencem de que, quanto mais consomem, mais perto estão de uma vida perfeita, como a que eles vendem.

Além disso, sequestram nossas subjetividades ao tentar nos convencer a pensar como eles. Não há nada mais perigoso nos dias de hoje.

E o pior: depois, ainda têm a audácia de dizer: “não existe universidade para influenciadores.”

Corta essa, meu anjo.

Existe a internet — de onde vem seu dinheiro — e um milhão de maneiras de aprender fora da universidade.

Aliás, não pedimos muito: apenas que sejam responsáveis com seus discursos, o que nem exige a inteligência que vocês não têm.

Ao assumir sua própria burrice, Carlinhos Maia passou vexame em rede nacional e provou que não merece mesmo ser levado a sério (porque, convenhamos, seu “trabalho” não é sério).

Como ele, há muitos outros: gente irresponsável com um perigosíssimo poder de manipulação.

Isso é gravíssimo, não apenas porque emburrece as pessoas, mas porque define a sociedade e, não raramente, influencia diretamente eleições, tornando-se uma ameaça à democracia.

Influenciadores não existiriam se não estivéssemos tão esvaziados de nós mesmos, a ponto de seguirmos cegamente a opinião de gente que não tem responsabilidade sobre o que diz.

O mundo era melhor quando gente burra não conseguia influenciar ninguém.

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Adicionar aos favoritos o Link permanente.