“Proncovô”, com Laura de Castro e Zé Motta, chega a BH e Nova Lima

Show cênico “Proncovô” tem direção e dramaturgia de Eduardo Moreira e direção musical de Sérgio Pererê e aborda o ato de caminhar para refletir sobre a vida e a arte

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Apresentado como “um show poético musical”, a montagem “Proncovô” chega neste final de semana a Nova Lima e a Belo Horizonte para uma sequência de três apresentações gratuitas. A temporada tem início nesta sexta-feira, dia 26 de abril, às 19h, em Nova Lima, dentro do projeto “Sexta na Feira”. Já no sábado, 27 de abril, às 16h, no espaço ao lado do Memorial Minas Gerais Vale, na Praça da Liberdade. No domingo, dia 28, “Proncovô” poderá ser conferido às 15h, no Parque Lagoa do Nado.

Protagonizada por Laura de Castro e Zé Motta, “Proncovô” tem direção e dramaturgia de Eduardo Moreira e direção musical de Sérgio Pererê. Assim, a plateia verá, no palco, uma celebração à “arte do caminhar”. Afinal, a narrativa homenageia o artista mambembe, o andarilho. Melhor dizendo, a vocação nômade do artista, que está sempre viajando em busca de público. No palco, os atores-músicos se transmutam em trovadores populares e contemporâneos. Desse modo, tocam, cantam e recitam textos e poemas, costurados em uma dramaturgia que, ao fim, festeja “a cultura brincante brasileira”.

Sempre em frente

“Assim, a ideia de ‘Proncovô’ é que, através de uma costura feita pelo Eduardo Moreira – a partir de poesias, muita música e ditos populares -, a gente possa acompanhar, de forma dinâmica, emocionante e divertida, a saga desse artistas, diz Laura de Castro. “De atores que, apesar das pedras no caminho, apesar das dificuldades que é ser artista de rua, estão sempre caminhando, seguindo em frente, por ruas e praças. Enfim, buscando encontrar quem os acolha, escute, receba”, prossegue ela.

Feedbacks

O projeto “Proncovô” nasceu com o objetivo de percorrer pontos da Estrada Real. Assim, a montagem já passou por Sabará, Catas Altas, Barão de Cocais, Itabirito e Ouro Preto. “Ano passado, a gente teve a oportunidade de viajar por cinco cidades do interior de Minas. E recebemos feedbacks muito diferentes. Na verdade, em algumas dessas cidades, o teatro estava chegando ali pela primeira vez. Ou seja, as pessoas nunca tinham visto um espetáculo de teatro. E ficaram muito tocadas com figurino, cenário, com a estrutura que estava vendo ali”, explica Zé Motta.

Desse modo, o retorno do público ultrapassa o âmbito da dramaturgia. “Ou seja, para além da narrativa do espetáculo, tem a emoção de estar vivendo tudo aquilo ali, no espaço delas. Algo ao qual elas não estão habituadas e que, de certa forma, abre uma gama de possibilidades. ‘Olha, isso pode acontecer aqui’. Ou ‘eu posso viver isso como espectador e, quem sabe, ter isso como uma possibilidade também’”, prossegue o ator.

Emoção

Zé e Laura comentam da emoção de ver pessoas que estavam ali, assistindo ao teatro de rua (por meio de “Proncovô”), pela primeira vez, muito tocadas. “Isso, pra gente, também mostrou que um dos propósitos desse projeto é levar o espetáculo a lugares que não têm uma infraestrutura presente, ali, na cidade. E a gente teve a experiência de Ouro Preto, onde tínhamos dado uma oficina na UFOP, alguns dias antes do espetáculo. E ali estava presente uma galera que foi para assistir ao espetáculo. Já foi com esse intuito. Então, foi muito bacana também, o retorno deles. Essa mistura de música, teatro e poesia agradou muita gente, Então a gente ficou muito contente

Colagens

De acordo com o material de divulgação de “Proncovô”, para tecer a dramaturgia, Eduardo Moreira se inspirou nos livros “A História do Caminhar”, de Rebecca Solnit, e “Caminhar, Uma Filosofia”, de Fréderic Gros. O roteiro final faz uma colagem com escritos e poemas de diversos autores como Antônio Machado, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski, Fernando Pessoa. Abarca, ainda, composições musicais dos artistas-cantores, misturadas a clássicos da música popular.

Por sinal, Laura revela que a proposta de homenagear os artistas mambembes veio do próprio Eduardo Moreira. “Quando eu e o Zé o procuramos, para dirigir, a gente já sabia que seria um trabalho de rua. Assim, repartimos com ele um pouco das ideias, referências, das vontades que a gente tinha. E ele, por sua vez, trouxe essa proposta de homenagear o artista mambembe, que é tão importante para a construção cultural de cidades”.

Respeito pelo espaço aberto

A atriz salienta o fato de tais artistas cruzarem fronteiras, disseminando a arte de forma democrática, ou seja, em espaços abertos nos quais não há cobrança de ingressos. “Então, todos são bem-vindos. Ao mesmo tempo, há muito respeito por esses espaços e por quem já os habita. Os artistas entram em cena também com a proposta de mudar o cotidiano, o dia a dia das pessoas”.

Inclusive, propõem, para os que passam ali, todos os dias, que enxerguem o lugar de uma forma diferente. “Talvez até fomente a ideia de que usem mais o espaço, se utilizem mais das praças. Ou seja, ao final, é uma uma homenagem, uma certa ideia de resgate também. E para a gente, enquanto artistas, um desafio grande e uma honra também, vestir esses personagens e estar na rua, encontrando as pessoas”.

Serviço

“Proncovô, show cênico de Laura de Castro e Zé Motta

Quando. Sexta-feira (26), às 19h

Onde. Espaço Cultural da Sexta na Feira (Avenida José Bernardo de Barros, 1.556, Chácara Bom Retiro – Nova Lima)

Quanto. Gratuito

27/04 – Sábado

Onde. Ao lado do Memorial Minas Gerais Vale, às 16h

Quanto. Gratuito

28/4 – Domingo

Hora: 15h

Local: Parque Lagoa do Nado

Endereço: R. Min. Hermenegildo de Barros, 904 – Itapoã

Gratuito

Classificação: Livre

Duração: 50 min.

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