Sumido e sem vestir coletinho da Defesa Civil desta vez, Ricardo Nunes deixa São Paulo à deriva

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, com colete da Defesa Civil após o temporal ocorrido no ano passado. Foto: Reprodução

Na última sexta-feira (24), um temporal intenso deixou São Paulo em estado de calamidade. Ruas alagadas, famílias desabrigadas e serviços paralisados foram apenas algumas das consequências do descaso com a infraestrutura da cidade. Enquanto isso, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que durante a campanha de 2024 usava o coletinho da Defesa Civil como figurino eleitoral, sumiu das redes sociais e se escondeu dos questionamentos da imprensa.

O silêncio de Nunes foi justificado pelo vice-prefeito, Mello Araújo (PL), com a explicação de que o chefe do Executivo estava “vendo outras demandas”. Araújo, um bolsonarista conhecido por declarações infelizes, ainda culpou a população pelos transtornos, sugerindo que os cidadãos não colaboram com a limpeza da cidade. É revoltante que a Prefeitura jogue sobre os ombros dos paulistanos a responsabilidade por uma gestão ineficaz, que deixou de investir mais de R$ 1,47 bilhão no combate às enchentes nos últimos três anos.

A postura do prefeito é especialmente contraditória diante do histórico de sua administração. Em vez de priorizar ações estruturais para mitigar os impactos das chuvas, a gestão de Nunes destinou milhões de reais para publicidade e autopromoção. Entre 2023 e 2024, cerca de R$ 837 mil foram pagos ao portal Leo Dias para divulgar eventos como o réveillon na Avenida Paulista, incluindo entrevistas onde Nunes exaltava feitos como o “esquema de segurança” e a “economia pulsante” da cidade. Uma ironia amarga para os paulistanos que, meses depois, enfrentam enchentes causadas por falta de investimentos robustos.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o jornalista Leo Dias. Foto: Reprodução

É importante lembrar que, embora a gestão de Nunes tenha alcançado o melhor índice de execução orçamentária para combate às enchentes em relação às últimas administrações, ele gastou apenas 74% do total orçado. Esse dado revela não só a ineficiência do planejamento, mas também uma escolha política de priorizar ações de visibilidade em detrimento de melhorias essenciais.

No entanto, quando os problemas batem à porta, como as enchentes da última sexta-feira, o prefeito e sua equipe se escondem, deixando a população desassistida. Pior ainda, responsabilizam os cidadãos por uma tragédia que poderia ser mitigada com investimentos adequados e planejamento preventivo.

A hipocrisia de Ricardo Nunes é evidente: enquanto as chuvas expõem a precariedade da infraestrutura da maior cidade do país, o prefeito prioriza campanhas de autopromoção e se cala nos momentos de crise. A São Paulo que ele exibe em vídeos promocionais está muito distante da realidade enfrentada pelos moradores nos dias de temporal.

Para os paulistanos, fica a lição de que é preciso cobrar uma gestão que priorize a cidade real e suas necessidades urgentes, e não apenas a narrativa construída em publicidades milionárias. Se o prefeito vestiu o coletinho da Defesa Civil como figurino eleitoral, deveria agora vestir a responsabilidade que o cargo exige. No caso ele só deu um “presente de grego” antecipado pelos 471 anos da maior cidade da América Latina.

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