Risco de recessão nos EUA está “desconfortavelmente alto”, alerta Mohamed El-Erian

O risco de recessão nos Estados Unidos subiu de forma preocupante e já atinge 50% de probabilidade, segundo Mohamed El-Erian, conselheiro econômico-chefe da Allianz. Em entrevista à CNBC, El-Erian afirmou que as tarifas de importação impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, estão agravando o cenário econômico americano e podem desencadear efeitos globais significativos.

“Você teve uma reprecificação importante das perspectivas de crescimento, com a chance de recessão nos EUA subindo para 50%. E também houve um aumento nas expectativas de inflação, agora em 3,5%”, disse o economista. “Não acho que uma recessão seja inevitável porque a estrutura da economia é muito forte, mas o risco se tornou desconfortavelmente alto.”

As declarações de El-Erian vêm em meio a sinais de desaceleração econômica nos EUA, com gestores de fundos e analistas alertando para uma possível recessão, com os riscos atingindo o maior nível em seis meses.

O economista projeta que a economia americana deve crescer entre 1% e 1,5% em 2025 — bem abaixo da previsão de 2,7% feita pelo FMI no início do ano. Ele alertou que um crescimento próximo de 1% coloca o país em “velocidade de estol”, quando a economia cresce tão pouco que não permite realocação eficiente de recursos. “Se nos aproximarmos de 1%, o risco de recessão aumentará significativamente”, afirmou.

Inflação está sendo subestimada, diz El-Erian

Além do impacto no crescimento, El-Erian advertiu que os mercados estão subestimando os efeitos inflacionários das políticas comerciais agressivas de Trump. “A primeira reação foi preocupação com o crescimento. Ainda não vimos duas outras reações: o impacto sobre outras economias e o que o Federal Reserve fará.”

Na semana passada, dados mostraram que o índice de gastos com consumo pessoal — métrica preferida do Fed para medir a inflação — teve seu maior aumento mensal em mais de um ano.

Apesar disso, El-Erian considera improvável que o Fed realize os quatro cortes de juros atualmente precificados pelo mercado. “Se tivermos sorte, veremos um corte. E não me surpreenderia se não houvesse nenhum”, disse. “Se fosse um Fed normal — e eu destaco o ‘se’ com ênfase, porque este não tem sido um Fed normal —, provavelmente não haveria corte algum.”

A desaceleração americana teve reflexos imediatos no câmbio, com moedas como euro e libra acelerando frente ao dólar após o anúncio das tarifas. No entanto, a fraqueza do dólar foi passageira, e a divisa americana já sobe forte nesta sexta, após a China anunciar uma retaliação aos EUA de mesma magnitude.

“O mercado reagiu a menor crescimento, juros mais baixos e redução nos fluxos de capital para os EUA. Mas se os EUA desacelerarem, o resto do mundo vai desacelerar ainda mais”, disse El-Erian.

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