Páscoa: com preços altos, consumidor troca marcas, reduz porções e testa alternativas

Supermercado em Brasília preparado para a Páscoa (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Apesar da alta nos preços dos ovos de chocolate e do tradicional almoço em família, a Páscoa em 2025 deve manter o apelo entre os brasileiros. Mas para se adaptar aos desafios financeiros impostos por alimentos mais caros, novos comportamentos estão sendo adotados pelos consumidores.

Uma das estrelas da celebração tem deixado os preços mais salgados: o cacau acumulou alta de 180% nos últimos dois anos, segundo pesquisa do IBEVAR – FIA Business School. Ainda assim, o mercado do chocolate nesta Páscoa deve movimentar R$ 5,3 bilhões no Brasil, um crescimento de quase 27% em relação ao ano anterior, segundo projeções da Associação Brasileira de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). 

“A forte pressão dos custos não inibiu a disposição de compra”, afirma Claudio Felisoni, presidente do IBEVAR e professor da FIA Business School. Embora o gasto médio por pessoa deva cair de R$ 156 para R$ 146 (-6,4%), mais brasileiros estão comprando produtos de Páscoa. “Em outras palavras, são mais pessoas comprando, só que gastando um valor menor.”

Alimentos da Páscoa mais caros

Os ovos de Páscoa seguem como o principal item de desejo neste feriado, e devem impulsionar um crescimento projetado de 14% nas vendas. Em algumas redes populares, o item não sai por menos de R$ 70. Mesmo diante disso, 74% dos entrevistados pelo IBEVAR-FIA disseram ter intenção de comprar, sendo que 62% afirmam priorizar marcas diferenciadas.

“O que vemos não é apenas crescimento econômico – é uma profunda transformação cultural no modo como os brasileiros se relacionam com o chocolate”, diz Felisoni. Para o especialista, isso demonstra a importância de os produtos se conectarem emocionalmente com seu público. “Nem mesmo as mais severas pressões econômicas podem deter seu avanço.”

Não por acaso, as chocolaterias especializadas ganham espaço, com um modelo de consumo centrado na experiência, nos sabores variados, em ingredientes premium e na apresentação personalizada. Com os supermercados ainda sendo o principal canal de compra (59%), a pesquisa também destaca a participação ainda pouco expressiva de outros.

Somente 11% devem optar por lojas especializadas, 9% por e-commerce e 8% compram diretamente de microempreendedores. De acordo com a pesquisa, isso está diretamente ligada à dificuldade dos pequenos fabricantes em absorver os aumentos expressivos no custo da matéria-prima, e em manter preços competitivos frente às grandes indústrias, que possuem maior poder de negociação e cadeias produtivas otimizadas.

Também essenciais para a refeição pascal, alimentos como bacalhau e azeite de oliva podem sofrer pressão no volume de vendas devido aos aumentos acentuados de preços. Como mostramos nesta reportagem, isso pode levar os consumidores a procurar porções menores, tipos mais baratos ou até mesmo substitutos.

Driblando o aperto financeiro

Com o orçamento pressionado, o consumidor tem visto a necessidade de se adaptar. Daiane Alves, educadora financeira da Neon, recomenda alternativas mais econômicas para quem deseja manter a tradição da Páscoa sem comprometer as finanças. 

Uma delas vai em linha com a diversificação de onde obter o ovo de chocolate, recomendando a compra com microempreendedores locais. “Pode ser mais barato e ainda proporciona presentes personalizados, como ovos de colher ou kits de montar.”

Outra alternativa é fazer os ovos em casa, comprando ingredientes em atacarejos ou lojas de fábrica. Além disso, a internet também pode ser aliada do consumidor. “Hoje é possível comparar preços, pesquisar opções e até realizar as compras sem sair de casa, o que economiza tempo e ajuda a evitar compras por impulso”, diz Daiane.

Aos que vão viajar, o planejamento é essencial. “Se a ideia for em grupo, combine previamente como as despesas serão divididas. Isso vale para hospedagem, alimentação e transporte”, recomenda. Quem for ficar em casa pode organizar um almoço colaborativo, em que cada pessoa leva um prato, é uma forma de economizar e reforçar os laços familiares.

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