De exótica a regional: irmãos cultivam pitaya, divulgam potencial da fruta e criam festival

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Irmãos começaram o cultivo em 2018 e hoje contam com 1.800 pés de pitaya. (Foto: Arquivo pessoal)

O aroma adocicado e o sabor único da pitaya, antes uma raridade nos mercados da Serra de Muriaé, agora se espalham pela região. A história por trás dessa conquista começa com a iniciativa dos irmãos Waldemar e Átila Costa Neto, que, após experiências no cultivo da fruta no Pará, decidiram investir na pitaya e transformaram a paisagem local do Distrito de Belisário. Apesar da dificuldade inicial com a resistência do mercado regional, hoje a família cultiva 1.800 pés de pitaya, com uma produção de 30 a 40 kg por ano/por pé. 

Desde o final de 2018, os irmãos apostam na atividade após contato com a cultura quando tinham uma empresa de assistência técnica agrícola no Pará. Waldemar conta que, na época, foi preciso buscar conhecimento sobre a fruta para atender os produtores da região. “Foi quando descobrimos que a pitaya tem potencial produtivo de Norte a Sul do país, sendo inclusive o Sul o maior produtor do Brasil. Assim veio a ideia de produzir em nossa cidade natal.” 

Um dos principais fatores que os motivaram a levar a fruta para a Serra de Muriaé foi o fato de que a pitaya produz na entressafra do café, que é a principal cultura de Belisário, o que facilitaria encontrar mão de obra disponível. Outro fator importante é a localização geográfica do município, próximo aos maiores mercados consumidores de pitaya. “Dessa forma, escolhemos uma área mais próxima ao açude da propriedade da família para fazer um plantio experimental, para posterior avaliação da viabilidade e produtividade da cultura.” 

De fruta exótica a popular

Segundo o produtor, a pitaya se transformou de fruta exótica rapidamente para fruta popular no Pará. “Vimos inclusive o preço da fruta no mercado se popularizar e indústrias de polpa começaram a processar e vender bem, inclusive exportando.” Era este cenário que os irmãos pretendiam reproduzir na Zona da Mata mineira. Assim, eles trouxeram algumas mudas do Pará juntamente com a mudança, compraram outras de colecionadores da região e deram início ao plantio experimental. “Foi muito difícil abrir mercado. Nas primeiras vendas nos mercados e hortifrútis de Muriaé e região, havia muita descrença no potencial de venda e só aceitavam consignado. Foi um trabalho de formiguinha”, relembra Waldemar. 

Hoje, a família realiza entregas constantes para praticamente todos os hortifrútis e supermercados de Muriaé, com exceção ainda das grandes redes, que geralmente buscam a Ceasa. “Entregamos também em Miradouro, Rosário da Limeira, Ervália, Viçosa e Ponte Nova.” O próximo passo é aumentar a produção e começar com o processamento da fruta, fazendo polpa. Mas, antes disso, os irmãos estão organizando o primeiro Festival da Pitaya em Muriaé. O evento está previsto para acontecer na próxima sexta-feira (25), às 15h30, no Grupo de Artesãos de Belisário. O objetivo é transmitir conhecimento e experiência na cultura para os produtores que têm interesse, mas não sabem por onde começar.  “Também foi pensando no consumidor que conhece e gosta da fruta e aquele que ainda não conhece, para poderem degustar algumas das várias receitas que é possível fazer com pitaya”, comenta Waldemar. 

Clima quente e úmido favorece cultivo de pitaya 

A pitaya é uma cactácea de notável resistência e adaptação às diversidades climáticas. Ela apresenta características únicas que a tornam uma cultura promissora, mas também desafiadora. Seu ciclo de floração, estimulado por dias longos, ou seja, acima de 12 horas de luz, implica em maior produtividade em regiões mais ao Norte, embora mais distantes dos grandes centros consumidores, como explica o produtor. Para otimizar a produção, o plantio deve considerar a exposição solar, idealmente em terrenos com face voltada para o Norte, solo bem drenado e relevo suave, facilitando o manejo e a colheita. “O solo não deve ser encharcado, brejoso, mas deve ter disponibilidade de água via irrigação.” 

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(Foto: Arquivo pessoal)

Essa fruta possui mais de 200 variedades. A de Muriaé é originária do Cerrado Brasileiro. Em média, um trabalhador cuida de 500 palanques (pés) de pitaya. A colheita é feita manualmente, com uma tesoura, de dezembro a maio. Neste período, a cada 20 dias tem colheita, sendo quatro delas mais abundantes. Apesar do seu potencial, o cultivo de pitaya no Brasil ainda enfrenta obstáculos. Como se trata de uma cultura relativamente nova, ainda há escassez de informações e pesquisas confiáveis sobre o manejo de pragas e doenças que podem afetar a produção e causar prejuízos econômicos. “A falta de um comércio fixo também torna-se uma dificuldade em dias de colheitas fortes. Pensando nisso, estamos em processo de construção de uma agroindústria para produção de polpa de pitaya, com o intuito de absorver a produção da região”, finaliza Waldemar. 

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