
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou a aliados que os áudios nos quais faz duras críticas à Polícia Federal (PF) e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), eram apenas “desabafos”.
“Foi um desabafo com um amigo. Alguém que teve a vida destruída e está desabafando com um amigo”, afirmou Cid na última quinta-feira (22), dizendo não se recordar do nome do amigo.
Nas gravações divulgadas pela revista Veja, o militar critica a condução de seu interrogatório pela PF e lança ataques a Moraes, alegando que o ministro tem poder absoluto sobre a justiça.
“O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, afirmou o ex-ajudante de ordens.
Em gravação, Mauro Cid reclama da Polícia Federal e diz que Alexandre de Moraes tem ‘sentença pronta’.
Em material obtido pela Revista Veja, ex-ajudante de ordens da Presidência também relata um suposto encontro entre Moraes e Jair Bolsonaro na casa de Ciro Nogueira.
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— Metrópoles (@Metropoles) March 21, 2024
Em nota, a defesa de Cid diz que os áudios “não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda”, pontua.

Os advogados, porém, afirmam que os áudios não “comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial”.
Vale destacar que o tenente-coronel vinha expressando insatisfação com o que ele considerava como “narrativas” construídas pela PF, buscando acesso aos vídeos de seus depoimentos.
Entre os pontos de reclamação de Cid estava o fato de negar ter acusado Bolsonaro de planejar um golpe de Estado e contestar sua suposta participação na adulteração dos certificados de vacinação contra Covid-19, assumindo sozinho a responsabilidade pela falsificação.
Além disso, fontes da PF afirmam que o acordo de colaboração premiada do militar corre risco de ser cancelado se confirmada a veracidade dos áudios.