Festival IMuNe homenageia Leci Brandão no Mês da Consciência Negra

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Festival IMuNe tem programação de shows concentrada no feriado do dia 15 de novembro com ingressos a preços populares. A partir de R$ 10 com retirada pelo Sympla

Por Carol Braga

Entre os dias 13 e 16 de novembro, Belo Horizonte recebe a sexta edição do Festival IMuNe – Instante da Música Negra, que neste ano homenageia a sambista e ativista Leci Brandão. A programação reforça a solidariedade como tema central. Com apresentações musicais de artistas consagrados como a própria Leci, Sandra de Sá e Dexter, além de nomes emergentes da cena independente, o festival propõe reflexões sobre a importância de uma produção musical solidária e sustentável. A temática escolhida, “Solidariedade na Música como Estratégia para Adiar o Fim do Mundo”, foi inspirada nas ideias do filósofo Ailton Krenak.

A programação musical terá o ápice no dia 15 de novembro, com a apresentação de Leci Brandão. Aos 80 anos, Leci representa a força do samba carioca e de uma trajetória de ativismo e arte. Ao lado dela, Sandra de Sá traz ao palco seu repertório de soul e samba-rock, em um show que conta com participações de Dexter e Sued Nunes, cantora e compositora de Cachoeira (BA) que desponta nas redes sociais. O lineup também inclui MC Xenon, expoente do funk mineiro, e SD9, rapper conhecido por seu impacto nas plataformas de streaming.

Outra presença de destaque é a de  Oderiê, artista indígena e não-binária da Bahia, que integra seu repertório multimídia à diversidade musical afro-brasileira. A agenda ainda inclui palestras de figuras como Avelin Kambiuá e Brisa Flow, que discutirão o modo de vida dos povos originários, trazendo para o público uma perspectiva de integração entre a cultura e o meio ambiente.

Desafios e Construção do Coletivo IMuNe

Criado em 2016, o Festival IMuNe nasceu da vontade da cantora e multiartista Bia Nogueira de reunir artistas negros para compartilhar a cena musical.“Na época, comecei a perceber que tinha pouca representatividade. Fiz um show e convidei todos os artistas negros que estavam na plateia para formar o coletivo”, lembra Bia. Esse evento inicial contou com a adesão de cerca de 12 artistas, que, com o tempo, reduziram-se a três – um reflexo da sobrecarga de trabalho enfrentada pelos artistas negros no Brasil.

Com o passar dos anos, o pequeno grupo se tornou um festival, crescendo e ganhando notoriedade no circuito cultural brasileiro. “Nós entendemos que o nosso papel é também proporcionar a formação e trazer o mercado para assistir aos artistas negros”, explica Bia.

Solidariedade como Resposta aos Desafios Atuais

A temática de 2024, “Solidariedade na Música como Estratégia para Adiar o Fim do Mundo”, reflete a preocupação de Bia Nogueira com questões ambientais e sociais. A idealizadora enfatiza que o festival propõe uma experiência de encontro e reflexão, além dos shows e apresentações. “O nosso quilombo IMuNe é um espaço para encontrar e pensar sobre as crises atuais, como a climática, que temos vivido tão intensamente”, pontua.

Bia vê o festival também como resposta à necessidade de novos formatos para os eventos culturais em tempos de dificuldades econômicas e mudanças no mercado. Segundo ela, o IMuNe busca se manter acessível, com programação gratuita ou a preços populares e a possibilidade de doação de alimentos. “Agora, queremos que a música seja mais do que um entretenimento; queremos que ela seja um veículo que carregue uma mensagem e cause reflexão”, afirma.

Funk e Cyber Exus: Mistura de Linguagens e Encontros Culturais

Entre as atrações desta edição, o festival traz a diversidade musical do funk, samba, rap e soul. Nogueira explica que o evento se adapta às tendências culturais da música negra, abraçando a potência do funk mineiro e ampliando o alcance de vozes periféricas e indígenas. “O funk de BH é incrível e está cada vez mais forte nas periferias”, comenta.

Além das atrações musicais, o Festival IMuNe inclui performances visuais e oníricas, com elementos de cultura afro-brasileira e tecnologia. Para seu show pessoal, Bia criou a figura dos “Cyber Exus”, personagens que exploram o conceito de “passado, presente e futuro” em uma fusão de perna de pau e tablets que representam um mundo afropocalíptico. “Eu queria fazer um show pop, mas o fim do mundo está aí. Então, criei esses seres que vêm do futuro para tentar entender como a humanidade chegou ao ponto de se extinguir”, explica.

IMuNe como Plataforma de Diálogo e Formação

Além dos shows e debates, o Festival IMuNe também investe em atividades formativas e busca dar visibilidade a questões estruturais do mercado musical. Para Nogueira, trata-se mais que um evento musical; ele é uma plataforma para artistas discutirem o ecossistema da música e planejarem caminhos alternativos. 

A programação inclui rodadas de negócios e oficinas que conectam artistas e produtores, incentivando trocas sobre sustentabilidade e novas formas de atuação no mercado da música. “Eu vejo o IMuNe como um espaço para artistas refletirem sobre o que é possível fazer no mercado de maneira resiliente e sustentável. Colocar esse festival no mundo é uma prova de que a cultura brasileira nos ancora”, finaliza.

Programação

14/11 – Quinta-feira

SeMPre – Semana da Música
? Local: Museu da Moda (MUMO) – R. da Bahia, 1149 – Centro
? Horário: 14h às 18h30
? Entrada: Gratuita

  • Abertura Sagrada
  • Palestra: O Bem Viver com Avelin Buniacá Kambiwá
  • Abertura Institucional com patrocinadores e parceiros

Ciclo 1

  • Palestra: Brisa Flow
  • Mesa: Música Urbana em Ascensão
    • Participantes: Brisa Flow, Maria Laura Tergilene, João Akerman
    • Mediador: Roger Deff

Ciclo 2

  • Palestra: Aquilombamentos Culturais com Fatini Forbeck
  • Mesa de Debate: Driblando a Crise: Música Independente
    • Participantes: Deh Muss, Fatini Forbeck, Octávio Cardozzo, Barral Lima, Victor Diniz
    • Mediadora: Dani Jacó

Shows
? Local: Afro Galpão – Av. Dom Pedro II, 2725 – Alto Caiçaras
? Horário: 20h às 1h
? Entrada: Gratuita (retirada no Sympla)

  • DJ Roxie
  • Showcases de artistas selecionados
  • Mascucetas
  • DJ SCAR

15/11 – Sexta-feira

Palestras
? Local: Museu da Moda (MUMO) – R. da Bahia, 1149 – Centro
? Horário: 14h às 15h30
? Entrada: Gratuita (retirada no Sympla)

  • Trajetórias Periféricas: Colé Markin e MAC Júlia

Shows
? Local: BeFly Hall – Av. Nossa Sra. do Carmo, 230 – Savassi
? Horário: 20h às 3h
? Ingressos: Sympla (1º lote: R$40,00 / 20,00; 2º lote: R$60,00 / 30,00)

  • Leci Brandão
  • Sandra Sá convida Dexter e Sued Nunes
  • Bia Nogueira e Coletivo IMuNe (Cleópatra, Raphael Sales) & Maíra Baldaia
  • SD9
  • MC Xenon
  • DJAHI
  • DJ Camis

16/11 – Sábado

Shows
? Local: Afro Galpão – Av. Dom Pedro II, 2725 – Alto Caiçaras
? Horário: 19h30 às 1h
? Ingressos: Sympla (1º lote: R$20,00 / 10,00; 2º lote: R$30,00 / 15,00)

  • Mac Júlia
  • Oderiê y as Flechas
  • Raphael Sales
  • Cleópatra
  • DJ Princezinha da Paz
  • Diniboy (Brasil Grime Show)

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