O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) suspendeu os pagamentos ao juiz aposentado Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, acusado de falsidade ideológica e uso de documentos falsos. O Ministério Público revelou que o verdadeiro nome do magistrado é José Eduardo Franco dos Reis, de 67 anos, que teria usado uma identidade falsa por mais de quatro décadas.
O paradeiro do ex-juiz é desconhecido desde dezembro de 2024, quando prestou depoimento à Polícia Civil como José Eduardo Franco dos Reis e, em seguida, se mudou do imóvel onde morava em São Paulo.
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Identidade falsa foi usada para ingressar na magistratura e se aposentar com benefícios
A investigação do Ministério Público mostra que Reis obteve em 1980 um RG com o nome fictício “Wickfield”, apresentando uma certidão de nascimento falsa. Com essa identidade, ele cursou Direito na USP, ingressou na magistratura em 1995 e atuou por 23 anos, aposentando-se em 2018.
A farsa começou a desmoronar em outubro de 2024, quando Reis tentou tirar uma nova via do RG no Poupatempo. O sistema de impressões digitais identificou duplicidade. Após o cruzamento de dados, descobriu-se que os documentos de “Reis” e “Wickfield” compartilhavam o mesmo número de registro no cartório de Águas da Prata (SP), mas com pais e datas de nascimento diferentes.
Em depoimento à polícia, o ex-magistrado alegou que “Wickfield” seria seu irmão gêmeo, adotado por uma família britânica, versão desacreditada pelos investigadores. A polícia também constatou transações imobiliárias recentes entre ele e duas mulheres identificadas como suas irmãs — as mesmas que ele alegou não lembrar durante o depoimento.
Enquanto o processo corre em segredo de Justiça, o TJSP informou que todas as remunerações ao ex-magistrado estão suspensas até nova ordem. A defesa ainda não se manifestou publicamente.
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