França aciona órgãos reguladores contra promoção de magreza extrema no TikTok

Logo do TikTok e sombra de pessoa olhando para o celular
Tik Tok foi alvo do governo francês por conta de conteúdos que promovem magreza extrema na rede. REUTERS – Dado Ruvic

A ministra francesa Clara Chappaz, encarregada de assuntos digitais, anunciou nesta sexta-feira (18) que acionou o órgão regulador de mídias e a Comissão Europeia sobre a tendência “Skinnytok”, que promove magreza extrema na rede social TikTok. Outra tendência na rede, o “looksmaxxing” dá dicas para meninos conquistarem visual mais “viril”, mas tende a aproximá-los de movimentos masculinistas.

“Fiz da proteção de menores online uma das minhas prioridades”, acrescentou ela em um vídeo publicado na mesma rede social, garantindo que não permitiria que as plataformas se esquivassem de suas responsabilidades.

A Autoridade de Regulação de Mídias (Arcom) informou à AFP que “já havia começado a tratar o assunto devido ao risco à saúde pública que esse fenômeno pode representar”. O órgão também declarou que pretende “reunir evidências para caracterizar esse risco na França” e “compreender as medidas que o TikTok está adotando para enfrentá-lo”.

Procurado pela AFP, o TikTok garantiu que “implementou regras rigorosas contra a humilhação corporal e comportamentos perigosos relacionados à perda de peso”.

“Para proteger os adolescentes, limitamos o acesso a conteúdos que retratam imagens corporais prejudiciais”, enfatizou o aplicativo.

Na plataforma, a palavra-chave “skinny”, magra em inglês, já havia sido associada a mais de 500 mil publicações até o meio-dia desta sexta-feira. Esses vídeos, produzidos majoritariamente por mulheres jovens, trazem dicas sobre emagrecimento.

Em resposta, o TikTok implementou uma mensagem de prevenção – exibida como um banner sobre as postagens – que direciona os usuários a uma página com recursos relacionados a transtornos alimentares.

No início de março, os parlamentares franceses aprovaram a criação de uma comissão de inquérito para avaliar os efeitos psicológicos do TikTok em crianças e adolescentes, considerando que a plataforma é especialmente popular entre os jovens.

O presidente da Arcom, Martin Ajdari, será interrogado pela comissão no dia 20 de maio.

No Instagram, rede social do grupo Meta, a busca pela palavra-chave “skinny” leva diretamente a uma página de ajuda, que pode ser ignorada para acessar as publicações.

Dicas para deixar a aparência mais “viril”

Outra tendência extremamente perigosa nas redes sociais é o “looksmaxxing”, que pode ser traduzido como “melhorar a aparência”. São vídeos, desta vez focados em meninos e adolescentes do sexo masculino, com conselhos para tornar o visual mais másculo, e assim se tornar mais atraente para as mulheres.

Mascar chicletes mais duros ou até mesmo leves marteladas na mandíbula para deixar o maxilar mais quadrado são alguns dos conselhos que circulam nas plataformas online.

No entanto, mais do que tratar da aparência física, esses conteúdos disfarçam a proximidade da tendência com o movimento incel, que pode ser traduzida como solteiros involuntários, e reúne homens que se consideram incapazes de ter relacionamentos românticos ou sexuais com mulheres porque não se encaixam no estereótipo do “macho alfa”, o homem “dominante e viril”. O grupo acusa as mulheres de serem responsáveis ​​por sua solidão.

Um estudo de 2021 sobre o movimento incel mostra que um usuário da Internet assistindo a um vídeo clássico no YouTube pode receber a oferta de conteúdo masculinista depois de assistir a apenas cinco vídeos seguidos.

Em um artigo para o periódico The Conversation, a socióloga australiana e pesquisadora da Universidade de Melbourne, Jamilla Rosdahl, argumenta que vídeos “exagerados na aparência” estão “levando os jovens para a subcultura incel”. Conteúdos que incitam ao ódio sexista ou ao suicídio são rapidamente oferecidos a eles nas redes sociais depois de terem consumido conteúdo “looksmaxxing”.

De acordo com a pesquisadora britânica Anda Solea, da Escola de Criminologia e Justiça Criminal de Portsmouth, “o looksmaxxing é, na verdade, uma versão reformulada da ideologia incel no TikTok”. Algumas contas vinculadas ao movimento incel, por exemplo, usam a hashtag #looksmaxxing para evitar moderação de conteúdo de ódio.

(Com AFP)

Publicado originalmente em RFI

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