O topo da pirâmide das viagens luxuosas: com são as férias de US$ 100 mil

Em uma excursão à antiga cidade de Petra, na Jordânia, clientes chegaram de helicóptero após o horário comercial para que pudessem explorar as ruínas sozinhos. Em outra viagem, para o Camp Sarika, um retiro no deserto de Utah considerado a experiência de glamping, espécie de tendas glamorosas, mais luxuosa da América, os visitantes tiveram acesso total ao local antes de sua abertura ao público. E ainda houve o tour por Frogmore, a “casa de campo” inglesa fechada ao público onde Harry e Meghan viveram antes de se mudarem para os EUA.

Todos são concorrentes dignos, mas o exemplo máximo da mais recente tendência em viagens super luxuosas deve ser uma aventura de pesca nas Bahamas: um mergulhador furtivo com um estoque de peixes vivos capturados anteriormente estava escondido sob o barco para fisgar um novo caso os pescadores não conseguissem pegar peixes suficientes por conta própria.

“Enquanto for legal, faremos o possível para que aconteça”, diz Max Rosenthal, gerente de operações da Fischer Travel, com sede em Nova York, que organizou todas as viagens mencionadas.

No jogo de constante competição que as viagens de luxo se tornaram, os destinos glamorosos e as acomodações “instagramáveis” que antes impressionavam os turistas abastados agora são uma expectativa. Agências como a Fischer oferecem um novo nível de serviço de concierge, proporcionando algo semelhante ao que os czares e barões da indústria do passado poderiam esperar.

O desejo por mais — mais luxo, mais exclusividade, mais surpresas e encantos — é o que impulsiona o crescimento dessas agências, que atendem a uma clientela rica em busca de experiências significativas, mas que carece do conhecimento, das conexões e do tempo para criá-las por conta própria.

“As pessoas querem ter essas grandes experiências transformadoras, mas não querem lidar com o caos das viagens”, diz Amanda Teale, fundadora e CEO da Minerva Private Travel em Cobham, Reino Unido, que planeja viagens para um grupo seleto de clientes em ambos os lados do Atlântico. “Nós oferecemos um suporte muito sério e fazemos tudo o que podemos para eliminar os fatores de incômodo e o drama.”

A demanda está em alta. Embora não existam estatísticas abrangentes que rastreiem o surgimento desses agentes de viagem de concierge exclusivos, tanto a Fischer quanto a Minerva expandiram suas operações desde o fim da pandemia de Covid-19.

A lista de clientes da Fischer, que é exclusiva para membros, cresceu de cerca de 100 para 130, com mais pessoas na lista de espera. “Por mais incrível que seja continuar crescendo, não queremos que nossos padrões caiam”, diz Rosenthal. A Minerva nunca anunciou e só aceita clientes por meio de recomendações — e também possui uma lista de espera.

A Fischer cobra de cada cliente uma taxa de adesão anual de US$ 25.000, além de custos por serviço. “Faturamos de forma semelhante a um advogado,” diz Rosenthal. “Depende da dificuldade do pedido e de quantas horas leva para organizar”. Teale evita o modelo de adesão: a comissão da Minerva é de 3,5% do custo total da viagem, com pacotes completos variando, em média, de US$ 75.000 a US$ 100.000 — e aumentando. A viagem mais cara que Teale já organizou — uma locação de ilha privada no Oceano Índico — custou quase US$ 1 milhão. “Alguns clientes reservam três vezes por ano, e outros 12 vezes,” diz ela. “Nem todas serão grandes viagens. Se você quiser comprar um bilhete de trem para seu filho voltar da faculdade, nós cuidamos disso também.”

A riqueza por si só não é suficiente para garantir os serviços de Teale. Ela entrevista clientes potenciais para ter certeza de “que temos uma boa conexão e que posso realizar seus sonhos”. Ela diz que frequentemente recusa clientes e já até demitiu alguns por serem rudes com a equipe ou fornecedores. Desde que se comportem, os clientes recebem um único número de telefone — o dela — e podem ligar a qualquer hora, de qualquer lugar, dia ou noite.

Entre os serviços que essas agências oferecem estão recepcionistas que conduzem os clientes por pontos de segurança e estações de imigração privadas até um lounge ou suíte, e de lá até um carro que os leva pelo pátio até o avião. Claro, muitos clientes simplesmente voam de forma privada — uma opção que se tornou tão popular que Teale está considerando montar seu próprio serviço de jatos.

Ela já possui uma coleção de sedãs elétricos da Mercedes com motoristas uniformizados para transporte pelo Reino Unido, equipados com cobertores de casimira bordados com o logo da Minerva, garrafas de água geladas e a última edição da revista de estilo de vida semestral da empresa.

“Sabemos quais são seus lanches favoritos, e os teremos lá”, diz ela. “E se seu filho precisar de uma cadeirinha, ela será instalada antes de chegarmos.” Os três filhos de um cliente adoram sanduíches de queijo, então Teale os prepara pessoalmente e os coloca em uma cesta de piquenique que fica esperando no banco de trás. “Acreditamos que sua viagem começa quando você sai da porta da frente”, diz Teale. “E cuidamos de tudo nós mesmos, para mantermos o controle total.”

Quando os clientes se inscrevem na Fischer, são designados a uma equipe de duas ou três pessoas, com um ponto de contato direto disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, à disposição para resolver problemas e aproveitar a vasta rede da empresa. Um exemplo recente: um cliente estava a caminho de um safári na África do Sul quando ligou para dizer que seu filho havia quebrado o aparelho dentário durante o voo. A Fischer organizou para que um ortodontista “estivesse esperando por eles no mato quando desembarcassem”, observa Rosenthal.

Além de evitar incômodos, esses clientes ricos buscam experiências verdadeiramente únicas — aquele fator “uau” para pessoas cujos estilos de vida elevados tornam muito difícil impressioná-las. A Fischer colocou clientes entre chefes de estado nas Olimpíadas de Paris; os levou de helicóptero para um show da Taylor Swift 20 minutos antes de ela subir ao palco; e até organizou que um deles passasse por um exorcismo no Vaticano.

A Essentialist, outra empresa de viagens com modelo de adesão, com sede em Maiorca, na Espanha, utiliza uma rede de especialistas locais para identificar espaços únicos e criar interações pessoais que atendam às paixões de seus clientes. Os itinerários podem incluir visitas a artistas e escritores renomados, sessões de culinária com chefs estrelados pelo Guia Michelin ou colheitas de uvas e degustações de vinho organizadas pela família que possui a vinícola. Para um cliente que viajava para Tóquio com adolescentes, a empresa fez com que a influenciadora Akane Chuma levasse a família em uma épica maratona de compras que incluía os principais designers do Japão, bem como boutiques e lojas de vintage que ofereciam tudo, desde quimonos antigos até louças.

A adesão anual na Essentialist custa US$ 2,6 mil mais taxas e combina um aplicativo com “gerentes de experiência” pessoais. O fundador Joan Roca criou essa abordagem após trabalhar na Travelocity. “Queria ir mais fundo, além de simplesmente ‘onde ir’ e entrar no ‘quem conhecer’”, diz ele.

Mesmo com sites de viagens prometendo simplificar o processo de reserva, a tecnologia na verdade tornou o planejamento de uma viagem ainda mais esmagador para alguns. “Sempre viajei muito e sempre fiz todos os preparativos por conta própria, mas à medida que a tecnologia evoluiu, tudo ficou mais complexo”, diz Jim Durgin, 77 anos, um ex-executivo da American Express de Cumming, Geórgia. “Não quero mais fazer o trabalho. Quero ser bem atendido, especialmente porque sou o tipo de pessoa que se preocupa com cada detalhe.”

Durgin e sua esposa usam os serviços da Essentialist desde 2017, e entre as viagens memoráveis que fizeram está uma visita ao Teatro Colón, o teatro nacional de Buenos Aires, que incluiu uma audiência privada com Paloma Herrera, uma prima ballerina de renome internacional que se tornou diretora artística da companhia de balé do teatro.

“A maioria dos nossos clientes está buscando otimizar seu tempo com entes queridos”, diz Elyssa Roberts, gerente de viagens sênior da Marchay em Nova York, uma agência que cobra US$ 8,5 mil por ano. “Eles querem atenção aos detalhes, acesso e inteligência.”

A Marchay regularmente convence museus a abrirem mais cedo para os clientes, castelos privados a admitirem convidados e pessoas eminentes a se encontrarem e conversarem com visitantes. Em uma viagem recente a Paris, a empresa organizou um tour pela Torre Eiffel — conduzido por um tataraneto de seu arquiteto, Gustave Eiffel.

Claro, há alguns detalhes da viagem que até essas agências incrivelmente eficientes não conseguem controlar. É uma coisa garantir que os peixes estão mordendo, mas todo o dinheiro do mundo ainda não pode fazer o sol brilhar.

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